Tuesday 11 November 2014

Descaso com Criança Deficiente - Cuidado ao encomendar Cadeira de Rodas sob Medida


Foi uma busca incansável até encontrar um modelo de cadeira de rodas que pudesse se adequar melhor ao que meu filho precisava, que lhe oferecesse segurança e conforto.

Meu sonho de consumo inicial eram as cadeiras da CONVAID -  a Safari ou a Rodeo.  Cheguei a procurar na loja e no distribuidor mas quando fui comprar, estavam em falta, o distribuidor aguardava um contêiner ser liberado pela alfandega havia meses e eles entraram em greve, sem previsão de restabelecimento do trabalho e de entrega das importações.

Cheguei a seguinte conclusão:

As importadas parecem realmente maravilhosas no site mas não podia ficar à mercê dos problemas de importação e da Alfândega especialmente no que tange à acessibilidade e ao direito de ir e vir do meu filho.

Cheguei a ser alertada pelo próprio vendedor que, quando precisamos de uma peça de reposição para uma cadeira importada temos muitos problemas com a demora da entrega da pela e o custo.

Sabendo disso, comecei a procurar produtos nacionais e me interessei pela cadeira Freedom Reclin, de fabricação nacional, cuja fábrica fica na região sul do país - foi onde começou a minha desdita!
Em agosto de 2013 procurei a empresa FREDOM (por telefone e também por e-mail) a fim de comprar a cadeira de rodas Freedom Reclin –  indagando sobre o produto para chegar a conclusão de que tal modelo era o específico para atender às necessidades especiais do meu filho:  reclinar,  deitar, apoio móvel para as pernas, com suporte para oxigênio  e aspirador de secreção portáteis, fechando em X para transporte no carro, etc.

A empresa informou, de cara, não poder atender diretamente ao consumidor final e passou meu contato para um de seus representantes no Rio de Janeiro,  ou seja, foi a própria fábrica quem escolheu qual representante iria me atender!

Fui procurada pelo representante deles, funcionário da loja BELLA MEDIC no Rio, que ligou marcando uma visita para conhecer pessoalmente as  necessidades especiais do paciente, da prescrição da cadeira e tirar as medidas para que a mesma fosse confeccionada e oferecer um orçamento.

Posteriormente recebi um email com o posicionamento da Fábrica sobre as observações a serem tomadas na confecção da cadeira, o orçamento e novamente a visita do funcionário para proceder a compra -  comprei a cadeira  há exatamente 1 ano,  no dia 28/11/2013 mas até a presente data ainda não recebeu completamente o pedido e, o que recebi veio com defeito!

Inicialmente informo que o produto demorou muito a ser confeccionado, cheguei a ligar para a fábrica para pedir urgência pois meu filho precisava da cadeira pois cresceu e o carrinho de bebê usado anteriormente estava pequeno, oferecendo risco de queda. 

A cadeira foi entregue mas sem as adaptações prometidas, ficaram pendentes a mochila Freedom, ajustes prometidos para suporte de bala de oxigênio e de aspirador de secreção com faixas de segurança, cinto de segurança em forma de “T”, entre outras pendências – tudo devidamente pago! 

Até este momento, ainda havia confiança, tanto é que, nesta oportunidade, quando a cadeira foi entregue, eu já estava precisando de uma cadeira-higiênica com urgência –  e comprei deles no dia 28/11/2013, uma cadeira higiênica da marca Jaguaribe, que foi adquirida em uma segunda compra, e também uma almofada ergonômica Freedomcadeira higiênica que veio com defeito (as rodas da cadeira não ficam presas) e cuja nota fiscal não foi entregue, impedindo ao Autor até de se socorrer da Garantia da fábrica

A Representante da Fábrica não entregou as notas fiscais das compras, somente depois de muita luta conseguiu a emissão da nota fiscal da primeira compra (da cadeira-de-rodas) por e-mail mas a nota da segunda compra jamais foi entregue
Meu filho usou a cadeira apenas duas vezes, para testar, e logo na segunda vez, a perna da cadeira de rodas, que muda de posição, emperrou.  Para trazer meu filho de volta para casa, precisei de ajuda para desaparafusar e retirar o suporte da perna – ainda colocando o filho em risco de se machucar nas ferragens (coloquei  uma fralda amarrada para protegê-lo).
Entrei em contato com as empresas:

A Freedom informou que não trabalha mais com a Bella Medic mas não tomou nenhuma atitude direta para reparar os danos ocasionados pela pessoa que literalmente colocaram dentro da minha casa para me atender!

Passaram endereços da Assistência Técnica no Rio, cujo técnico compareceu em minha residência e constatou em um laudo todos os problemas e defeitos da cadeira - laudo enviado à fábrica sem que qualquer outra providência fosse tomada.... sequer se manifestaram sobre o produto comprado, pago, que não foi entregue: mochila que é vendida como um acessório da cadeira  ou tiveram a decência de oferecer meu dinheiro de volta,  em cumprimento do Código de Defesa do Consumidor!

O funcionário da Bella Medic informou que a empresa encerrou suas atividades apesar de ainda podermos verificar que existe um blog no ar  e que ainda aparece em sites de busca na Internet.  

Não tive outra solução senão procurar o Judiciário e me sujeitar a morosidade da Justiça, também com indignação pois estamos falando de produtos essenciais para a sobrevivência de uma pessoa deficiente! Uma cadeira-de-rodas e uma cadeira-higiênica são bens essenciais de acessibilidade, que garantem a liberdade e o direito de ir e vir  e o direito de uma existência digna para uma criança com necessidades especiais  - um processo que deveria tramitar também com prioridade no Judiciário Brasileiro!


Os deficientes são vítimas:

  • da lentidão  e burocracia do sistema de importação; 
  • do Fisco na importação de produtos necessários à sua acessibilidade e sobrevivência que deveriam ser isentos  de imposto;
  • das empresas que não vendem direto ao consumidor final e ainda obrigam o consumidor a se sujeitar a qualquer mercenário como intermediário;
  • das empresas que deveriam respeitar a limitação do deficiente garantindo inclusive um produto reserva enquanto um bem de necessidade básica está pendente de conserto;
  •  e até da morosidade e burocracia do Judiciário que não garante aos deficientes a prioridade na tramitação dos processos judiciais nestes casos e até a Gratuidade de Justiça pois se eu tivesse dinheiro sobrando, não precisava me socorrer do Judiciário, jogava a cadeira defeituosa fora e comprava outra imediatamente!

Carro Novo - Solução ou Problema?

Quando se resolve trocar um carro usado por um carro novo, 0 km, o consumidor pensa que está pagando também por sua tranquilidade e segurança.  Será?

Um cliente fez exatamente isso, vendeu seu carro usado e procurou a concessionária REAL VEÍCULOS DE ITAGUAÍ, que era de sua confiança pois já havia negociado com eles antes. Lá, comprou  um automóvel Volkswagen zero - uma saveiro cross na cor LARANJA CANYON.  Notem bem, esta era a cor do carro e também a cor especificada na nota fiscal. 

Entretanto, quando o consumidor foi ao DETRAN emplacar o carro foi logo admoestado pelo funcionário que, ao olhar para o carro, assumiu que meu cliente havia pintado o carro antes de emplacar - para o DETRAN-RJ o carro constava como BRANCO!

Depois de muitas explicações e do funcionário do DETRAN-RJ concluir que meu cliente não era um louco que havia pintado um carro novinho antes de emplacá-lo, o funcionário conseguiu explicar que a Volkswagen havia informado que aquele carro, aquele chassis, era de um carro Branco!  

Imaginemos que o carro quando é fabricado receba um documento como se fosse uma certidão de nascimento e neste documento constam todas as características de fábrica do carro - pois é,  a certidão de nascimento do carro estava errada no item da COR - o carro era visivelmente laranja, constava na nota fiscal que era laranja, mas a certidão de nascimento dele (que o DETRAN chamou de BASE BIN) constava que o carro era branco!

Dá para imaginar o trabalhão e os problemas para o cliente?  

  • O carro estava segurado conforme descrito com aquele chassis,  na cor laranja;
  • o carro  estava financiado também com as mesmas características, na cor laranja;
  • o carro não podia ser emplacado no DETRAN porque um documento dizia que ele era laranja e outro dizia que era branco;
  • meu cliente precisava trabalhar e ficou sem carro tendo um carro novo parado na garagem sem poder usar!
  • as prestações de seguro, carro sendo pagas e o carro não podia ser usado!
O pior de tudo é que nem a Real Veículos, nem a Volkswagen pareciam saber o que fazer para resolver o problema, nenhum funcionário apresentava uma solução, todos só diziam que não podiam sequer imaginar que algo assim podia acontecer - foram inúmeras reclamações, inúmeras  viagens ao DETRAN, várias  "CARTAS-LAUDO" enviadas pela fábrica, de São Paulo, de Brasília - cada uma diziam vir de algum lugar para justificar a demora...  E NENHUMA ERA ACEITA PELO DETRAN-RJ COMO VÁLIDA PARA CORRIGIR O PROBLEMA!

O Consumidor com um carro zero na garagem, sem poder utilizá-lo por mais de um mês, sendo obrigado a trabalhar sem o conforto que o bem que adquiriu poderia lhe proporcionar, passando por uma via crucis de reclamações entre DETRAN, VOLKSWAGEN E REAL VEÍCULOS, além de advogados até a propositura de uma ação judicial.